Breve história do movimento
O movimento hip hop brasileiro já tem cerca de vinte anos, mas sua trajetória – e aquela de seus integrantes – ainda não foi contada de forma consistente e sistematizada. Dispersa e pouco registrada, a história dessa manifestação cultural que compreende música, dança, poesia, artes plásticas e mobilização social apenas começa a ser organizada em relatos e estudos que comportam diversas áreas do conhecimento, como a sociologia, a antropologia, a pedagogia, a psicologia, o jornalismo e as letras – a abrangência de abordagens e de enfoques a respeito do tema dá a medida da riqueza e da complexidade do fenômeno.
O hip hop se constitui de quatro elementos: o break (a dança de passos robóticos, quebrados e, quando realizada em equipe, sincronizados), o grafite (a pintura, normalmente feita com spray, aplicada nos muros da cidade), o DJ (o disc-jóquei) e o rapper (ou MC, mestre de cerimônias, aquele que canta ou declama as letras sobre as bases eletrônicas criadas e executadas ao vivo pelo DJ). A junção dos dois últimos elementos resulta na parte musical do hip hop: o rap (abreviação de rythym and poetry, ritmo e poesia, em inglês). Alguns integrantes do movimento consideram também um quinto elemento, a conscientização, que compreende principalmente a valorização da ascendência étnica negra, o conhecimento histórico da luta dos negros e de sua herança cultural, o combate ao preconceito racial, a recusa em aparecer na grande mídia e o menosprezo por valores como a ganância, a fama e o sucesso fácil. Certos grupos reúnem-se em posses, associações que têm por objetivo organizar o movimento, tanto do ponto de vista musical como social, disponibilizando para a comunidade aulas de hip hop e de outras matérias, como educação sexual, informática, cultura negra e história, por exemplo.
Os cinco elementos completam-se e influenciam-se, mas podem manifestar-se de forma independente, a partir de interações as mais diversas. É possível, por exemplo, que antes de um show de rap aconteçam apresentações de gangues (equipes) de break, e grafiteiros exercitem suas habilidades nas paredes do local, sem que seja necessário, porém, que todos os elementos aconteçam ao mesmo tempo. Apesar de independentes uns dos outros, os rappers, DJs, grafiteiros e b-boys (dançarinos de break) se sentem irmanados, e alguns deles podem desempenhar mais de uma função. Antes de começarem a fazer rap, Thaíde e DJ Hum, dupla pioneira do movimento hip hop brasileiro, por exemplo, integravam uma gangue de break, a Back Spin.
Em tradução literal, a expressão de língua inglesa "hip hop", significa pular e mexer os quadris. Historicamente, foi cunhada pelo DJ Africa Bambaataa no final da década de 1960 para designar as festas de rua no bairro do Bronx, em Nova York, maciçamente freqüentadas por jovens negros. Naquela época, a música ouvida nessas festas era o soul, que logo evoluiria para um desdobramento mais agressivo, o funk – os dois ritmos são os antepassados do rap. No funk, o nome mais conhecido é o de James Brown, em cujos shows, por volta de 1969, apareceram os primeiros passos da dança que viria a ser conhecida como break6.
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