domingo, junho 06, 2010

Os grilos

Os grilos abrem frinchas no silêncio.
Os grilos trincam as vidraças negras da noite.
E o silêncio das vastas solidões noturnas
é uma rede tecida de cricrilos...Mas
impossível que haja tantos grilos no mundo,
pensa o Doutor...Sim, talvez haja um problema do labirinto,
retruco, telepático. Mas eu só acredito no que está nos meus poemas,
doutor... Meus poemas é que são os meus sentidos
e não esses, tão poucos, que se contam pelos dedos
e não passam de um único bicho estropiado de cinco patas,
com que mal pode se locomover.
Chego ao fim da consulta como chego ao fim deste soneto.
Fecha-se a porta do poema e saio para a rua:
- um pobre bicho perdido, perdido, perdido...


O " eu" lírico escutava cricrilos pela solidão que sentia e foi ao doutor
porque achava que tinha algum problema, mas o problema estava era na sua alma infeliz.

Dionatan Julio Ribeiro

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